Esses dias estava fazendo um retrospecto da minha jornada dentro da agilidade e me veio vários pensamentos, uns bons e outros nem tanto, sobre o quanto estamos sendo ágeis.
Primeiramente, aproveitei também para reler alguns posts mais antigos daqui do blog e me deparei com o Pensamentos sobre agilidade, escrito pela Jana Pereira. Ela nos leva numa reflexão sobre a relação da teoria de agilidade, suas práticas, o mindset por trás disso tudo e o impacto que um ambiente limitante pode ter para a carreira de um agilista.
Durante todo esse processo, uma pergunta ascendeu nos meus pensamentos
Qual é o real significado da palavra valor quando estamos falando de agilidade?
Uns falam sobre resultados financeiros para a empresa, outros falam sobre satisfação dos colaboradores e cultura, outros falam sobre eficiência do processo, entre outras respostas.
Observando algumas discussões nesse sentido, esse questionamento passou a gerar um desconforto em mim, obrigando-me a retomar leituras e referências de algumas bases que sustentam os mais variados tipos de respostas.
Revisitando algumas bases teóricas
A primeira foi o post Até onde vai a agilidade?, escrito pelos nossos amigos da K21, explicando que agilidade permeia por quatro grandes domínios: Cultural, Negócio, Organizacional e Técnico.
A segunda foi a comunidade de ideias conhecida como Heart of Agile, fundada por Alistair Cockburn, onde a agilidade se encontra em pilares como colaboração, entrega, reflexão e melhoria.
A terceira grande referência vem do nosso amigo Manoel Pimentel, no livro The Agile Coaching DNA. Nele, para trazer todos os benefícios do ágil, os agile coaches precisam trabalhar com cinco elementos: catalisar melhorias, promover a conscientização, aumentar o ownership, desenvolver competências e facilitar a remoção de barreiras.
O movimento de convergência é perceptível assim como a conexão das ideias entre essas e outras referências. Logo, pode-se afirmar que a agilidade se encontra em diversos níveis organizacionais. Devemos, então, pensar que o valor está fragmentado em diversas áreas?
Particularmente, acredito muito nisso. Um processo eficiente traz muitos benefícios para o produto, assim como um ambiente culturalmente saudável e sustentável de uma organização impacta na qualidade desse mesmo produto e, consequentemente, atende às necessidades de um cliente, garantindo o retorno sobre o investimento.
Perceba como a relação desses fatores são importantes para compor o valor da agilidade. Seguindo essa linha de pensamento, pode-se concluir que valor está no resultado das relações de diversos fatores estratégicos de uma organização.
O Incômodo Persiste
Ainda nessa linha de pensamento, recentemente estava conversando com meu amigo Thulio Ultramari sobre esse tema e ele trouxe um ponto muito interessante, onde agilidade é um meio para alcançar o aumento de receita e redução de custo a fim de cumprir o propósito da empresa. Ou seja, propósito como norteador para que as relações desses fatores funcionem bem.
Tendo a concordar com essa visão e digo mais… caso, esse fio condutor não esteja claro o suficiente, possivelmente essa relação estará comprometida.
A construção desse pensamento me acalma e me traz uma perspectiva otimista sobre a agilidade. Mas, ainda tem algo que me gera um incômodo e isso me leva a outro pensamento: Como os agilistas têm investido a maior parte do seu tempo? Analisando fluxo? Team building? Reuniões e Cerimônias?
Há alguns anos venho percebendo as comunidades de agilidade falarem, com bastante propriedade, sobre as ações que fazem no dia-a-dia. Mas, quando trazemos a discussão para resultados alcançados, noto dificuldades em conseguir tangibilizar ou demonstrar isso. Em outras palavras, eficácia ou eficiência? Qual é o mais importante para o seu dia-a-dia?
Pode ser apenas uma impressão da minha parte, mas essa percepção me remete a uma das leis da quinta disciplina.
“Causa” e “Efeito” não estão próximos no tempo e espaço.
Será que estamos olhando para o lugar certo quando trazemos a óptica do resultado?
Portanto…
Tanto na vida profissional quanto na pessoal, é importante saber balancear. Trazendo esse raciocínio para dentro da agilidade, é fundamental ter em mente que valor não se trata do somatório das partes, mas sim da relação entre elas. Buscar esse mesmo valor de forma individual, põe em risco a atuação em escala da agilidade em uma organização.
Investir muito esforço em apenas um domínio pode trazer alguns impactos, mas não necessariamente pode ser caracterizado como resultado. Por exemplo, evoluir um ambiente para que o time se sinta seguro é super importante, mas, se isso não impactar o negócio, talvez mascare a necessidade da segurança no ambiente e jogue, por terra, o trabalho do agilista.
Não ter clara a relação de resultado de valor e balanceamento das ações, pode trazer muitas frustrações e acordar a síndrome do impostor que habita em nós. Sendo assim, ser estratégico é fundamental para balancear seu nível de atuação.
Esse é o jeito que eu conheço para conseguir direcionar minha visão em busca da batida perfeita dos resultados dos meus experimentos de forma satisfatória.
Ultimamente venho pensando muito nisso. E você?