Eficácia ou eficiência? Qual é o mais importante para o seu dia-a-dia?

Final do ano chegando e cá estamos nós. Hoje decidi trazer um assunto que acho muito interessante e que faz muito sentido para a cultura ágil: eficácia ou eficiência? Qual é o mais importante para o seu dia-a-dia.

Me aprofundei mais nesse assunto quando assisti uma explicação do Alisson Vale, do Software Zen, sobre o tema. Portanto, valeu Alisson!

Primeiramente, o que é eficácia e eficiência? Eu, particularmente, gosto da definição de Peter Drucker (considerado pai da administração) que, apesar de simples, elas confundem bastante devido a sua semelhança:

A eficiência consiste em fazer certo as coisas. (…) Já a eficácia consiste em fazer as coisas certas.

Mas o que isso quer dizer? Ora, quando estamos tratando sobre esse assunto, temos que ter em mente que estamos falando sobre modelos de gestão.  

Em um modelo mais tradicional, a eficácia é pressuposto e a eficiência é meta. Ou seja, sabemos que estamos fazendo a coisa certa atendendo uma necessidade do mercado (por exemplo: sabão em pó), mas estamos sempre buscando fazê-la do jeito certo para diminuir o custo final para o cliente. Perceba que aqui a ordem é sempre imposta e a criação de controles são essenciais para o sucesso do produto.

Já em um modelo de gestão moderno, a eficiência é pressuposto e a eficácia é meta. Ou seja, não sabemos exatamente se o que estamos fazendo atende uma necessidade do mercado. Isso acaba tornando a eficácia uma vantagem econômica, pois o produto vai descobrindo o seu propósito ao longo das validações de suas hipóteses. Perceba que aqui a ordem é emergente e a utilização de controles não funcionam, pois a emergência pressupõe os controles.

E aí? Eficiência, eficácia… ou os dois?

Então, pergunto para vocês: qual modelo tem mais a ver com o cotidiano do desenvolvimento de software ou produto? Isso mesmo, um modelo mais moderno. Podemos destacar uma série de fatores nesse contexto, tais como: dinamismo, flexibilidade, velocidade nas respostas, feedbacks curtos. Aqui, planejar o próximo passo sem ter esse feedback, o risco de desperdício de tempo e muito alto. Ou seja, a constante validação de hipóteses, demanda que o seu sistema seja bem mais orgânico.

O segredo aqui está nos ciclos de feedback curtos. Quanto mais curto for seu ciclo, mais rápido você consegue planejar o próximo passo.

O modelo tradicional atua mais em ambientes de fábricas. Nesse contexto ter um ambiente estático, previsível e controlado faz com que o produto saia com menos defeitos, aumentando a quantidade em escala e barateando o custo final. Algo bem mais mecânico. Aqui a eficiência não dar espaço para o pensamento sistêmico, pois o processo já diz o que você tem que fazer, tendo como objetivo a redução de sua variabilidade. Algumas práticas que fazem parte desse contexto estão voltadas para melhoria de processo, automação (ou robotização) de alguma atividade, entre outras.

Eficienca Vs. Eficacia - FONTE: Software Zen.

Eficiência Vs. Eficácia – FONTE: Software Zen.

Como isso afeta o meu cotidiano?

Esse pensamento que me veio enquanto escrevo esse post. Então, a partir do momento em que você tem um mindset voltado para a eficácia, seu processo de trabalho é acompanhado de incertezas. Sim, isso é uma coisa boa!! Quando temos incertezas, temos espaço para trabalhar com experimentações. Ou seja, validação de hipóteses para melhoria de um processo do time, ou até mesmo a pivotagem de um produto. Quando seu processo é definido de cabo a rabo, seu time tem pouco espaço para inovação e, principalmente, melhoria contínua. Como falei anteriormente, precisamos de dinamismo e flexibilidade, pois isso permite que nosso sistema de trabalho evolua de acordo com a necessidade do mercado.

Portanto…

Perceba o quão determinante a eficácia e eficiência são para os ambos modelos. Apesar de serem completamente opostos, esses fatores estão presente mais fortemente em um. Alisson Vale fez uma afirmação que fez muito sentido para mim:

Gestão não é controle. Toda vez que você cria um controle, é porque você não esta conseguindo fazer gestão. Os controles são parte do custo da ausência da gestão no seu ambiente.

E ai, qual o seu mindset? O da eficácia ou eficiência? 😉

Grande Abraço,

Durante a aula, foi recomendado o livro Adaptive Software Development, do autor James A. Highsmith III. Esse livro foi publicado em 1999 (antes do manifesto ágil), onde explica melhor sobre a transição do pensamento analítico para o pensamento sistêmico. Já esta na minha lista de leitura. :)
Mostrando 2 comentários
  • Éverton Bueno Lima
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    Fala Diogo blz! Acho que esse assunto é um dos primeiros abordados na faculdade, a explicação pode parecer simples, mas é bem complexa, se há eficácia não necessariamente houve eficiência! Se ou eficiência não necessariamente houve eficácia. Me corrija se eu estiver errado, um bom exemplo como de costume, podemos usar o futebol, mas quero mudar um pouco esse exemplo, vamos colocar em um campo que está sendo muito discutido em nosso pais, politica 🙂

    Um politico apresenta uma excelente proposta para ser votada, ele foi eficiente em seu trabalho, tratou todos os assuntos de forma exemplar, a população admirou a proposta apresentada, mas quando foi posta em votação, ela foi rejeitada, ou seja, houve uma eficiência de uma parte, mas no final não foi eficaz.

    Agora um outro exemplo, foi criada uma nova proposta, a população não quer que seja aprovada, mas quando é colocada em votação, bum, é aprovada.

    Então podemos afirmar que para ser eficaz não precisa ser eficiente, e ser eficiente não necessariamente você será eficaz.

  • Douglas Pio
    Responder

    Muito legal o exemplo colocado aqui, Éverton. Aí, agora, você me fez refletir como que os políticos poderiam ter a eficácia como meta. Eu, pelo menos, ainda não vi políticos testando hipótese, aprendendo e melhorando projeto de lei antes de ter aprovação através da votação. Acho que seria muito interessante, também, a política adotar a gestão moderna para alguns casos de projetos de lei.
    Penso isso levando em consideração um episódio do século XX em que o então, possível, presidente dos EUA Joe Biden colaborou na construção de uma lei que teve um efeito “inverso” depois de ter sido posta em prática, fazendo com que mais negros fossem parar atrás das grades.

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