Quando algo parece funcionar, a gente naturalmente quer fazer parte ou quer ter mais desse algo. Uma frase muito frequente tem sido “Vamos montar (mais) times ágeis!”. Mas você e sua organização já esclareceram o que são times ágeis?
Temos visto no mercado muitas empresas, nos mais diversos segmentos e indústrias, falando sobre “ser mais ágil” ou ao menos “usar metodologias ágeis”. Embora algumas já investem no assunto há muito tempo, já tem aprendizados e evoluções, outras começaram a tentar entender melhor sobre o tema neste mundo pandêmico.
Na minha visão, os métodos ágeis surgiram para impulsionar os comportamentos descritos no famoso Manifesto Ágil – referência escrita por 17 signatários – que propuseram novos olhares para o contexto de desenvolvimento de software e que depois foi expandido para outros contextos organizacionais.
Vemos atualmente algumas diferenças de entendimento da abrangência da palavra “ágil”, que nesse cenário vem da tradução de “agile”, fortemente associada ao Scrum que se tornou o método ágil mais utilizado e conhecido no mundo. No Scrum encontramos papéis, cerimônias e artefatos que ajudam a orientar a construção, desenvolvimento e execução de um time. Assim, para muitos, “time ágil” é sinônimo de time Scrum: grupo multidisciplinar, dedicado, pequeno, que trabalha de forma iterativa com resultados incrementais, em ambientes onde se busca inovação. Ah, time Scrum também tem outro apelido importado: squad, inspirado no Spotify.
Aqui no Brasil usamos com muita frequência o termo “agilidade” para referenciarmos a construção das capacidades de adaptabilidade em pessoas, times e organizações no caminho do entendimento das necessidades e potenciais soluções para seus clientes, sempre perseguindo sua melhoria contínua em eficiência (fazer o processo de trabalho cada vez melhor) e eficácia (resolver o problema certo).
PARA SER ÁGIL, É PRECISO…
Encontrar formas de desenvolver essas capacidades tanto comportamentais quanto técnicas. Isto pode ser feito usando um framework como o Scrum, ou se alicerçando no Kanban, ou usando quaisquer papéis, cerimônias, artefatos ou práticas que fizerem sentido para o grupo de trabalho.
O livro da consultoria Bain & Company – Ágil do Jeito Certo – escrito pelos sócios Darrell Rigby, Sarah Elk e Steve Berez, todos muito experientes no tema, traz a seguinte afirmação:
O time ágil é o coração da abordagem ágil. Se você não entende como uma equipe ágil funciona, será difícil desenvolver a agilidade em larga escala por todo o negócio.
Esta afirmação reforça a importância de ter um entendimento claro do que é um time ágil!
Eu tive a oportunidade de liderar junto com muitas outras pessoas um movimento de amadurecimento da agilidade organizacional no PagSeguro durante quatro anos, de 2015 a 2019, período em que a empresa teve um crescimento muito acelerado de profissionais, negócios e resultados, impulsionados pela abertura de capital na NYSE em 2018.
Neste intervalo, fiz parte ou acompanhei o desenvolvimento de muitos times ágeis, onde partimos de aproximadamente de vinte para quase duzentas equipes.
Os times de tecnologia e produtos utilizavam não só Scrum, como também…
Tínhamos times que rodavam o conhecido “Scrumban” (mistura de dois métodos), outros iam mais na linha do Kanban puro e outros nem uma coisa nem outra.
Aliás, já vi times de áreas operacionais, que não eram times multidisciplinares e que executavam atividades de rotina da sua respectiva área, entenderem o valor de compreender melhor:
- sua missão,
- o alinhamento das suas atividades com a estratégia da organização,
- a cadeia de valor em que estão inseridos,
- as reais necessidades dos clientes,
- seus mecanismos de priorização,
- as pessoas que compõem o time,
- seus processos de trabalho,
- o desenvolvimento e aprimoramento da sua auto-organização,
- a geração das métricas de eficiência e eficácia,
- o trabalho ativo para melhoria contínua.
Alguns desses times eram muito mais ágeis do que muito time Scrum ou squad que já vi por aí.
Portanto
Quando você entrar em uma discussão sobre quais partes da organização deve-se criar ou desenvolver times ágeis, é preciso ter muito cuidado em esclarecer previamente essa definição. Não é premissa de que times ágeis se aplicam somente em contexto de inovação, visto que existem muitos times ágeis operando negócios por aí.
Por fim, deixo o alerta para as confusões conceituais geradas nas comunidades por pura disputa comercial (R$), dizendo que “ágil é frágil”, “que ágil é defasado”, “ah, você ainda tem PO na sua empresa?” e coisas assim.
Ser ágil é muito maior e mais importante do que fazer ágil, e não é um método ou outro que faz com que os resultados sejam alcançados, mas sim os comportamentos das pessoas. Então não caiam nessa provocação pouco agregadora e superficial.
Vamos investir nosso tempo e energia em desenvolver pessoas, times e organizações para que alcancem a agilidade na sua essência!
Grande abraço e um incrível 2021!
Profissional de excelência!!! Parabéns
Visão simples, clara e conectada com a realidade. Show.