Seu Time de acordo o Modelo de Tuckman.

Quando pensamos em times ágeis,  há uma serie de questões a serem levadas em consideração. Desde o perfil técnico até o comportamental. Hoje vou falar sobre as transições de um time, de acordo com os estágios do modelo de Tuckman e como isso pode nos ajudar a nortear diversos team buildings.

Vamos começar pelo princípio… Quem é esse tal de Tuckman?  Bruce Tuckman foi um pedagogo, nascido em 1938 e é uma referência para assuntos relacionados a trabalho em pequenos grupos. Em 1965, escreveu a primeira versão do seu artigo Tuckman’s stages of group development onde fala sobre quatro estágios que um time passa durante a sua formação. Em 1977, em parceria com Mary Ann Jensen, foi adicionado um quinto estágio. São eles:

Tuckman's Model | Fonte: Wheaton College Masschusets

Tuckman’s Model | Fonte: Wheaton College Masschusets

Primeiro Estágio:  Forming

Esse primeiro estágio é o momento da construção do grupo, ou seja, é quando seus integrantes estão se descobrindo dentro do projeto. Nesse momento, por ser algo novo, a observação é mais presente no cotidiano de todos, assim como as dúvidas sobre as razões que os fizeram entrar para o projeto.  De acordo com Alexandre Amorim, em sua apresentação para o Scrum Gathering Rio 2015, algumas características são: comunicação cautelosa, baixo nível de confiança, ausência de procedimentos, aprendizagem individual e senso de propósito não compartilhado.

Tuckman destaca nesse momento que o papel de um líder é fundamental para ajudar a ambientar o time, principalmente em relação ao seu propósito. Gosto de pensar que o papel do líder nesse estágio é ajudar a construir as conexões (principalmente, emocionais) necessárias entre os integrantes da equipe, pois isso facilita a interação entre eles no dia-a-dia.

Segundo Estágio: Storming

Nessa etapa, temos as definições dos papéis de cada integrante. Em geral, aqui é quando começam a aparecer os conflitos, seja por estilo de trabalho, falta de consenso ou hierarquias. Acredite… Motivos não irão faltar. O time começa a desenvolver a confiança mútua e passa a ter mais segurança para questionar algo que não esteja de acordo, resultando em uma comunicação mais aberta e com menos melindres.

Penso que uma consequência positiva da comunicação mais aberta reflete na eficiência em resolver os conflitos que surgirem.

Os benefícios que temos através desse estágio estão na evolução do nível de maturidade do time, tornando-se algo menos frágil e mais resistente.  Esses conflitos vão permitir aos membros da equipe começar a evoluir e comportarem-se como time.

Terceiro Estágio: Norming

Nesse estágio, o nível de maturidade e estabilidade está mais presente no time. Ou seja, os integrantes se percebem fazendo parte de algo maior e começam a tomar ações mais coordenadas com o objetivo do projeto / produto.

As características mais comuns são: o consenso sobre a visão do produto, fortalecimento da confiança entre seus integrantes, aceitação de novas lideranças, entendimento mais claro sobre os objetivos e feedbacks constantes.

É nessa etapa em que o processo de trabalho ganha mais destaque, sendo construída ou adaptada de acordo com o que foi definido nos estágios anteriores.

Quarto Estágio: Perfoming

É o momento em que o time passa a ser mais produtivo e já executa melhorias no processo. O grupo já se percebe como uma unidade e consegue responder a mudanças por conta própria. Acredito que as palavras-chave aqui são confiança e motivação, resultando em interações mais efetivas.  Nessa etapa, o nível de entusiasmo é alto e a autonomia nas decisões passa a ser algo natural.

O reflexo disso tudo fortalece a identidade do grupo como um time, gerando um sentimento de orgulho e lealdade. Outro ponto que se destaca aqui é o autogerenciamento, ou seja, a necessidade de alguém gerenciando o time passa a ser mínimo (ou até inexistente), pois aqui todos entendem o propósito em que estão trabalhando e vão tomar as melhores decisões para alcança-las.

Para um gestor ou líder, o melhor a se fazer aqui é o empoderar seu time para que continue performando e inovando.

Quinto Estágio: Adjourning

É o momento em que o time caminha para a sua separação. Ou seja, as atividades estão chegando ao fim e o projeto esta sendo entregue. É muito importante aqui o reconhecimento pelo trabalho que foi feito até o momento. Nessa etapa, a presença de conflitos e acomodação é algo natural.

Abro um parêntese maior nesse estágio, pois acredito este, nem sempre, está relacionado ao término de um projeto. De acordo com Alexandre Amorim, alguns sintomas são bem claros: Menor motivação pela visão, enfraquecimento do propósito, arrogância, perda da eficácia dos procedimentos, entre outros. Nesse contexto, quando você identificar essas características, penso que é preciso realinhar ou criar uma nova estratégia, voltando aos estágios anteriores.

Portanto, como vocês podem perceber, esse modelo é de grande apoio para identificar em que momento o time se encontra. Isso nos norteia sobre como podemos atuar em relação ao time.

Entretanto, não é fácil. Esse modelo não é linear e varia de time para time. O melhor meio para identificar essas etapas é através da observação. Por exemplo, temos um time em performing e acontece de ter mudanças drásticas entre seus integrantes. O resultado disso é a volta para o estágio de storming ou forming. Considerar que o time vai continuar em performing é muito arriscado e a chance de não atuar no momento certo é alta.

Já tiveram alguma experiência ou dificuldades em identificar esses estágios? Coloca aí no comentário para dar oportunidade de outras pessoas participarem! 🙂

Grande Abraço.

Alguns links que me ajudaram a escrever esse post ;)

https://www.agileschool.com.br/single-post/2017/01/16/Os-est%25C3%25A1gios-de-Tuckman-no-desenvolvimento-de-equipes

https://en.wikipedia.org/wiki/Tuckman%27s_stages_of_group_development

https://pt.wikipedia.org/wiki/Modelo_de_Tuckman#Refer%C3%AAncias

http://dennislearningcenter.osu.edu/files/2014/08/GROUP-DEV-ARTICLE.pdf

https://www.staff.science.uu.nl/~daeme101/infed.org-Bruce_W_Tuckman__forming_storming_norming_and_performing_in_groups.pdf

http://sst7.org/media/BruceTuckman_Team_Development_Model.pdf
Mostrando 3 comentários
  • Diego
    Responder

    Muito bom o artigo, parabéns por ajudar no processo de organização de times. Isso ajuda a pelo menos traçar linhas de abordagem. Óbvio que nem tudo é preto no branco, mas ter uma referências de eventos corriqueiros durante a construção de um time num projeto é muito importante.

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