Gamificação na prática: Por onde começar?

E aí, pessoal.

Essa semana vou retomar um assunto que teve uma repercussão muito boa aqui em nosso pub: Gamification! Como podemos ver anteriormente, é uma ferramenta muito poderosa capaz de engajar e motivar as pessoas. Hoje, vou mostrar como começar um projeto de gamificação.

Quando vejo o pessoal falando sobre gamificar algo (um produto, um sistema ou, até mesmo, um processo), percebo que muitos buscam entender como utilizar alguns mecanismo como pontuações, recompensas e troféus. Mas a vida não é esse toddynho gelado, garotinho. Como falei no primeiro post sobre o assunto, gamificação é muito mais que isso. É uma área multidisciplinar que envolve principalmente psicologia e design.

Baseado nisso, eu e a jana procuramos desenvolver um canvas baseado em um framework chamado Gamification Framework Design, criado pelo professor Kevin Werbach e Dan Hunter, autores do livro For the Win: How Game Thinking Can Revolutionize Your Business. Esse canvas foi uma lição aprendida de um workshop que fizemos no Enconsis 2016 chamado Gamification na prática: Meus primeiros 6 passos.

Gamification Framework Design por Diogo Riker e Jana Pereira

Gamification Framework Design por Diogo Riker e Jana Pereira

Antes de começar as explicações, é de suma importância você ter um contexto definido. Ou seja, onde seu projeto de gamificação vai atuar? Evidencie os problemas que existem em seu contexto.

PASSO 1: Defina seu objetivo de negócio.

Antes de começarmos a pensar nos mecanismo que iremos utilizar, é muito importante entender o problema que você quer resolver. O que você espera alcançar utilizando a gamificação? Mais acesso para o seu site? Aumentar a venda de seu produto? Nesse primeiro momento esqueça um pouco pontuações, troféus, rankings, entre outros.

PASSO 2: Descreva seus jogadores.

Essa é a peça fundamental de toda sua gamificação, pois são eles que irão utilizar seu projeto. Procure responder perguntas como: quem são eles? qual é a sua relação com seu sistema gamificado? Quais são suas motivações? O que os deixam desmotivados? Perceba que podemos utilizar diversas técnicas para levantar o perfil de usuário. Eu, particularmente, gosto de utilizar o mapa de empatia do design thinking (em outro post falo mais sobre 🙂 ).

Como estamos falando de gamificação, trate seus usuários como jogadores.

PASSO 3: Descreva o comportamento dos seus jogadores.

O que você espera que seus jogadores façam no seu sistema gamificado? Como você vai medir essa ação? Quantidade de cliques e compartilhamento? Perceba a importância em conseguir métricas das ações dos seus jogadores. É isso que vai permitir você evoluir/melhorar o seu sistema.

PASSO 4: Defina os Ciclos de atividades.

O que vai prender a atenção do seu jogador? É muito importante conhecermos dois conceitos muito importantes aqui:

Engagement Loops
Engagement Loop por Diogo Riker

Engagement Loop por Diogo Riker

Devemos considerar aqui três aspectos motivação, ação e feedback. Ou seja, toda ação resultará em um feedback e irá gerar uma motivação. Um exemplo bem comum nos jogos é qualquer jogo da série Mário World: Quando o Mário come um cogumelo verde (ação), ele ganha mais uma vida (feedback) e você fica aliviado em saber que vai ter mais uma chance se falhar (motivação). Simples, não?

O elemento mais importante dessa tríade é o feedback. É interessante que ele seja imediato.
Progression Stairs
progression-stairs

Progression Stair por Diogo Riker

É quando a dificuldade vai aumentando conforme a evolução de seu jogador. Ou seja, começa muito fácil e termina muito difícil :).

São conceitos bem simples e que fazem toda a diferença. Mas não se prenda a apenas um deles. É possível que sua solução englobe esses dois fatores.

PASSO 5: Lembre-se da diversão!

Agora que você já sabe quem é o seu jogador, qual comportamento esperar dele e como mante-lo entretido no seu sistema, temos uma questão essencial a ser tratada: a diversão! É algo que está ligado diretamente com a motivação do seu jogador. Ela precisa ser pensada e planejada, pois se você projetar um sistema chato, na segunda semana ninguém mais se importará com ele.

Recomendo a leitura do artigo Why We Play Games: Four Keys to More Emotion Without Story para conhecer mais os tipos de diversão.

PASSO 6: Defina suas ferramentas.

Agora sim, chegamos no momento tão esperado! Finalmente, você vai escolher as ferramentas que utilizará. Quais serão as mecânicas, dinâmicas e componentes? Devemos pensar nelas como nossa toolbox, onde poderemos escolher o item mais apropriado para cada ação que foi planejada anteriormente. Para facilitar a visualização, observe a imagem a seguir:

Elementos de Gamificação | Fonte: Michael Derntl

Elementos de Gamificação | Fonte: Michael Derntl

O primeiro nível são as dinâmicas (emoções, barreiras, narrativa, progressão), o segundo nível são as mecânicas, ou seja, processo que impulsiona uma ação (desafios, turnos, competição, recompensa, entre outros) e o último nível são os componentes (troféus, avatares, combate, level, pontuação, etc).

Observe que para definir os elementos você utilizará, é preciso passar por todos os níveis da piramide. Por exemplo: Vou utilizar um troféu (componente) como recompensa para o meu jogador (mecânica) para deixa-lo mais feliz (dinâmica).

Portanto, fica claro que a gamificação é muito mais do que apenas elementos de games. É preciso entender o porquê em utilizar qualquer elemento e o como este irá alcançar o objetivo real do seu negócio.

Caso você queira baixar esse canvas, basta clicar aqui.

E para você, esse post teve algum valor? Se realmente teve e/ou vai ajuda-lo(a) em seus projetos, que tal uma gorjeta? Basta clicar no botão abaixo 😉 .




Caso tenham identificado oportunidades de melhorias e/ou seus resultados, compartilhem conosco nos comentários. Tenho certeza que a colaboração faz a diferença!

Grande Abraço.

Veja também os outros posts sobre gamificação:
A influência da gamificação no scrum;
Gamificação e Scrum: Entendendo o conceito;
Mostrando 8 comentários
  • Michel Cordeiro
    Responder

    Muito bom o papo galera. Parabéns Jana e Diogo. É possível compartilhar o canvas para testarmos e darmos feedbacks ?

    Abraço!!

    • Diogo Riker
      Responder

      Opa, td bem Michel?

      O canvas ja está compartilhado no post. É só baixar! 🙂

      E sim, precisamos do feedback!

      Grande abraço

  • Fabrino
    Responder

    Opa! Muito legal vocês terem levantado essa antiga buzz word, mas me diz uma coisa: em que esse “canvas” é diferente da metodologia do D6 apresentada por Kevin Werbach no curso de Gamification feito pelo Coursera pela Universidade da Pensilvânia?

    Abraço!

    • Diogo Riker
      Responder

      Olá Fabrino!

      Praticamente, nenhuma!
      Esse canvas é uma representação visual do D6 do Kevin Werbach e Dan Hunter.

      As adaptações que fizemos foram apenas para conseguir aplicar em workshops ou algo que envolva muita gente, por exemplo, colocando o nome do time, as guias de presente e futuro.

      Valeu pelo comentário! 🙂

      • Fabrino
        Responder

        Louvável a sua intenção em envolver muita gente com essa representação do D6. Trabalho com game design e gamification por volta de 8 anos. Se me permite o comentário, falar de gamificação exige conhecimento de como funciona o “core” de game design: o que é uma mecânica, uma dinâmica, as áreas em que cada elemento que compõe esses grupos pode se encaixar (world design, system…). Aviso de antemão: é um animal completamente diferente de várias áreas de design.

        Uma fonte que me ajudou bastante e acredito que possa fazer o mesmo por qualquer um que se interessar, é um famoso artigo do gamasutra que apresenta um framework chamado “M.D.A.” (mechanics, dyanamics, aesthetics).

        O link: http://www.gamasutra.com/view/news/108415/GDC_Game_Design_Workshop_Mechanics_Dynamics_Aesthetics.php

        Acho que são os meus 2 centavos por achar massa essa iniciativa de vocês (só cuidado com o plágio…)!

        Abraços!

        • Diogo Riker
          Responder

          Valeu pela contribuição!

          Concordo contigo.

          Ainda tem muito chão para falar sobre gamificação.
          A intenção desse post foi especificamente falar sobre o D6.

          Tem interesse em fazer um post sobre o assunto aqui blog? Seria muito rica sua contribuição. 🙂

          Com relação a plágio, os devidos créditos foram atribuidos desde o inicio do post e tive autorização do Kevin Werbach para fazer esse post.

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